Ok. Consegui um novo emprego. Não é o que eu queria para mim, mas é o fim do desemprego. Será que isso é bom? Com toda a certeza é bom para o meu bolso, para poder pagar minhas dívidas, para poder ir para frente. Mas não posso parar de procurar emprego. As razões são muitas, mas principalmente as duas seguintes: O trabalho é temporário, não dura mais de seis meses. E eu odeio o ambiente de trabalho. Na minha sala há outras pessoas comigo, que parecem pouquíssimo dispostas a dar uma ajuda a quem está começando e menos dispostas ainda a trabalhar direito.
Eu não sou a pessoa mais indicada para falar de organização, mas posso garantir para quem quiser que os custos aqui poderiam ser reduzidos em pelo menos 30% com mais organização. A quantidade de papel inútil, compras repetidas, telefonemas desperdiçados é incrível. A má vontade no meu setor impera. Ninguém fala mais do que o estritamente necessário. E muitas vezes nem mesmo o necessário é dito.
Não acuso os meus colegas de não trabalhar, acho até que trabalham muito. Mas a impressão que tenho depois de uma semana de trabalho é de que o trabalho é pouco produtivo e eficiente. Os setores que deveriam trabalhar juntos tem pouco entrosamento, a informatização é precária, não por falta de equipamentos, mas por falta de sistemas integrados. Ou melhor, os sistemas integrados são muito mal utilizados, quando o são.
Mas o pior de tudo é o sentimento de frustração. Sinto-me frustrado por não poder pensar. Fui treinado a pensar a vida inteira, treinado a achar soluções criativas ou metodológicas para problemas complexos. Hoje me encontro de frente de um sistema de engrenagens enferrujadas, sobre o qual não tenho nenhuma ingerência, emperrado por uma burocracia estúpida, mal calibrado, muito aquém da sua capacidade produtiva. É a visão do inferno para qualquer administrador. E olha que eu sou economista.
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